20/07/2013

Cabelos bipolares e outras aflições psico-capilares

Há 27 anos que estou em guerra com o meu cabelo e isto de ter relações hostis com partes do nosso corpo é sempre uma guerra perdida
O meu cabelo tem uma estrutura semelhante a ...vá, fios de pesca. A minha mãe tentou domina-lo quando eu era pequena mantendo-o sempre num belíssimo formato de tigela. O meu pai achava que eu ficava mesmo bem era com uma mullet. Dos 10 aos 11 anos eu só tirava o boné da cabeça para dormir. Depois revoltei-me e devo ter passado uns 5 anos sem deixar uma tesoura se aproximar. Há cerca de 3 anos enjoei-me e deixei um kilo de cabelo no chão do cabeleireiro.

E todo este tempo, eu conseguia ouvi-lo, a esfregar as mãozinhas, e a dizer "podes fazer que quiseres: no final, quem decide sou eu!" - talvez sejam coisas da minha cabeça, visto que o meu cabelo não fala nem tem mãozinhas para esfregar. Se calhar não perdia muito em tomar os comprimidos. Bom, adiante.

Aqui estão alguns exemplos das várias encarnações do meu cabelo:



Percebi que talvez eu estivesse a ser insensível, e o meu cabelo fosse apenas doente e precisasse de mais apoio da minha parte. É um cabelo com necessidades especiais, digamos.

O meu cabelo está péssimo neste momento, mas decidi tentar fazer algo em relação a isso. Tenho feito muitas pesquisas e estas são as minhas resoluções para o futuro:

1. Champô sem sulfatos

Praticamente todos os champôs à venda nas grandes superfícies tem como ingredientes Sodium Lauryl Sulfate ou ammonium lauryl sulfate. Os sulfatos são basicamente detergentes, aquilo que faz muita espuma e dá a sensação de que o cabelo está limpo. São os mesmos ingredientes que se encontram em produtos como o detergente da loiça. Não interessa quanta keratina e karité e aloé vera e extractos de lágrimas de fadas eles misturam no champô: se tem sulfatos, estraga. Estes detergentes são extremamente agressivos, causam caspa e demais alergias no couro cabeludo, provocam queda de cabelo e eliminam os óleos naturais que protegem os cabelos, o que lhes tira todo o brilho e saúde. Isto é prejudicial tanto para cabelos secos e oleosos. Neste blog têm mais alguma informação sobre os perigos dos sulfatos.

O problema é encontrar um sacana de um champô sem sulfatos. Nos super mercados é virtualmente impossível. Sugiro procurarem lojas especializadas em produtos capilares como a Pluricosmética, RRCenter ou Carlos Santos Hair Shop e peçam às assistentes para vos sugerirem algumas opções. As farmácias também terão certamente alternativas válidas. A Body Shop tem um mas tenho lido algumas reviews pouco abonatórias. A Tresemmé (marca com a qual eu até simpatizo) tem uma linha chamada Naturals, de produtos com valores mais baixos de sulfatos. Não são completamente isentos mas sempre é menos mal. A L'oreal tem uma linha chamada Ever Pure, livre de sulfatos, criada para a protecção da cor nos cabelos pintados (sim, porque eu não mencionei mas os sulfatos também atacam a tinta) mas não me recordo de alguma vez ter visto em super mercados.
2. Protecção contra o calor

Assim que deixei crescer o cabelo comecei a ataca-lo com ferro e fogo, ou seja: brushing atrás de brushing! É verdade que assim conseguia domá-lo e dar-lhe um aspecto menos frisado, mas o calor acaba por arruinar o cabelo a longo prazo. É importante dar-lhe descanso, esticar mesmo só quando é necessário e usar sempre um protector de calor. Já há algum tempo que uso o Tresemmé Heat Defence Styling Spray - rende que se farta, tenho o mesmo frasco há uns 2 anos, e não é particularmente caro. Existem vários produtos do género no mercado, com preços para todos os bolsos.

3. Paciência

Para evitar excesso de secador, é preciso saber secar o cabelo ao ar livre. Isto é fácil para quem tem cabelos ditos normais, mas no meu caso nem a secagem natural pode ser feita de forma natural. Primeiro é preciso tirar o excesso de agua do cabelo com toalha, mas sem esfregar nem torcer. Existem uns turbantes turcos super fashion que se enrolam no cabelo e que vão absorvendo a agua enquanto tratamos dos restantes afazeres pós banho. O meu é da Primark: barato, rasco e tigresse. Fabulous!

Depois de tirar o excesso de água, o cabelo deve ser penteado com um pente, nunca com escova. It takes forever, mas é assim a vida. Com o cabelo bem penteadinho aplica-se então um creme de pentear: atenção, é uma gotinha de nada de creme! Não vale a pena lavar muito bem os cabelinhos e depois enche-los de creme que vai deixar os cabelos pesados e gordurentos. Só uma bolinha, esfregam nas mãos e penteiam suavemente os cabelos com os dedos. Eu uso um creme de pentear da marca Skala, com manteiga de Karité. A marca Skala é muito acessivel a nivel de preço, e encontra-se nos Pingo Doce de maior dimensão.

4. Máscaras

Tenho investigado algumas máscaras e tratamentos capilares homemade. Claro que existem máscaras possivelmente muito boas à venda, mas tudo o que vem embalado tem químicos e conservantes.
na Internet encontram-se mil e uma máscaras e tratamentos: alguns mais bizarros do que outros. Mas ao ir navegando encontramos alguns ingredientes em comum: mel e abacate são hidratantes, óleo ou leite de côco ajuda com a queda de cabelo e há quem diga que faz o cabelo crescer mais rápido, ovos e iogurtes têm enzimas que ajudam a combater a oleosidade, o fermento da cerveja ajuda a fortalecer cabelinhos finos, e, claro, Bicabornato de Sodio, que é aparentemente o santo graal que resolve todos os problemas no mundo.

As máscaras devem ser feitas uma a duas vezes por mês, dependendo do estado do cabelo. Escolham os melhores ingredientes e a mistura que vos parece mais interessante para as necessidades particulares do vosso cabelo, massagem o escalpe com carinho, e deixem a mistura actuar durante 30 minutos a 1 hora.
Lembrem-se que ao usar produtos naturais, o prazo de validade é mais reduzido. Caso façam mistura a mais guardem num frasco ou dispensor no frigorífico ou mesmo no congelador. 
Eu vou apostar no leite de côco e mel, e espero em breve ter fotos arrebatadoras do antes e depois... 

 5. Penteados como as meninas crescidas

 Chega uma altura da nossa vida em que solto ou apanhado deixa de ser suficiente enquanto opções de penteado. Não existem muitos penteados aos quais eu consiga subjugar o meu cabelo, tirando o rabo de cavalo feito com um elástico bem apertado: que fica feio e estraga o cabelo. Quando a franja começa a crescer, eu desato a prende-la à testa com ganchos, e o resultado final é algo que se parece menos com um penteado e mais com uma tentativa desesperada de manter o cabelo refém. 

Recentemente tentei aprender a fazer tranças diferentes como a french braid ou a Fishtail braid. Mas o meu cabelo recusa-se a manter no mesmo lugar durante muito tempo.

Expectation
Reality (totalmente desfeita 2 minutos mais tarde)

Apesar de eu ter saudades de ter o cabelo comprido e de adorar os penteados fantásticos que se conseguem fazer, tenho de assumir que para o meu cabelo em particular, não vale a pena. Mesmo que o deixe crescer muito dificilmente consigo domina-lo ao ponto de se manter no sitio certo. Quando é assim, o ideal é arranjar um penteado adequado ao tipo de cabelo e que se consiga usar confortavelmente sem necessidade de prender.Um corte bem feito permite ao cabelo secar naturalmente ao ar e manter o formato desejado.




Depois é só continuar as batalhas com todas as outras partes do corpo com as quais estou em guerra para me parecer com a modelo da imagem. Mas uma coisa de cada vez.

05/07/2013

A arte de receber

Após a mudança estar feita, e com pelo menos 50% da casa apresentavel o suficiente, chega a hora das inaugurações. Quem se tenha mudado para uma casa grande pode sempre fazer uma garnde inauguração, convidar toda a gente que conhece e que alguma vez conheceu, dar um baile luxurioso de deixar o Jay Gatsby corado de vergonha.

Eu adorava ser uma grande anfitriã, receber os convidados com bolinhos com pepitas de chocolate e tarde de maça acabada de fazer, um cheiro convidativo a canela a percorrer a casa toda, chá gelado e vinho em copos largos, uma selecção de música do agrado de todos, interrompida apenas quando alguém, espontaneamente, agarra numa guitarra e começa a tocar uma música cuja letra toda a gente sabe. Que soirées extraordinárias haveriam na minha casa, fosse eu uma anfitriã adequada.

O meu estilo literário de anfitriã acaba mais num modelo Mrs. Dalloway: em posição fetal no chão da cozinha, a chorar porque algures entre os bolos queimados e o vinho do Pingo Doce, a minha vida deixou de fazer sentido e comecei a considerar atirar-me pela janela. Por isso é que me mudei para um 1º andar.




Mas desta vez não será assim. Estou a preparar o meu ninho para ser feito para receber. Com ajuda do Pinterest vou aprender a fazer snacks e hors d’ouvres dignos e deliciosos, vou fazer chá gelado com gengibre e limão, vou abrir a melhor garrafa de vinho que temos lá em casa, que não deve custar mais do que 5€ mas sempre é melhor que a carraspana do Pingo Doce, e  with God as my witness... os meus convidados vão-se divertir!!


03/07/2013

A Praia e as gordinhas

Vi este trabalho do artista Nickolay Lamm, que criou esta Barbie baseada nas medidas médias das pessoas ditas "normais" e tive logo flashbacks do que é para mim estar na praia: olhar em volta, ver as barbies a correr como gazelas à beira da água, e começar a duvidar seriamente se eu serei sequer da mesma espécie que aquelas pessoas. Se a Barbie baixa e roliça representa o "normal", porque é que eu me sinto como uma alienígena na praia?