17/01/2017

Série Minimalismo - Eps. 2 - Sociedade de Consumo


No meu processo de Minimalização deparei-me com a quantidade obscena de publicidade à qual sou sujeita todos os dias:

Ao ler um jornal ou revista, há publicidade em todas as páginas. Há páginas só com cupões e informação de promoções e campanhas.

Ao ver TV tenho de levar com 30 minutos de publicidade para cada 15 minutos de conteúdo. Rádio, idem idem aspas aspas.

Ao conduzir vejo a estrada rodeada de mupis e cartazes a anunciar de tudo, desde lingerie ao Cirque du Soleil a Partidos Políticos.

Pego no meu telemóvel para ver o Instagram, Facebook ou Reddit e pelo meio vou apanhando publicidade - alguma até vem disfarçada de posts legítimos, e eu mal percebo que estou a ver publicidade e não algo partilhado por alguém conhecido.

Vou ao Cinema, pago 10€ por um bilhete, levo com 20 minutos de publicidade antes, e se não bastasse ainda há o product placement descarado dentro do próprio filme. 

Abro o meu email e recebo 40 emails com campanhas e promoções e newsletters.

Vais pagar o combustível à caixa e tentam vender-te chocolates e pastilhas elásticas. Tu já és cliente, já estás a comprar, mas eles tentam vender-te mais!

Conheço uma pessoa nova e antes que dê por isso ela está a tentar vender-me Bimbys, Yves Rocher ou Tupperwares. Arrête, demónio!

Estou na minha vidinha, toca-me o telemóvel e tenho alguém do outro lado a vender-me seguros, cartões de crédito, telecomunicações ou entregas de água em casa.

Estou no sossego do meu lar e vêm bater-me à porta para me vender subscrições do Círculo de Leitores (mas isso ainda existe??).


A verdade é esta, somos todos consumidores, e o mundo está feito para nos vender tudo o que conseguir. E estamos todos tão frágeis, deprimidos, insatisfeitos, confusos que nos tornamos vulneráveis a tudo isto. Sim, é verdade, em dias mais difíceis um email com campanhas 3 pelo preço de 2 da Primor tornava-se irresistível. 

Roupa, maquilhagem, decoração, sapatos, gadgets, ou até chinesises - quando estamos em baixo, é comum procurarmos conforto em coisas novas. mas isso resulta apenas numa casa cheia de trabalha de que não precisamos, um armário cheio de roupa e sapatos de má qualidade que nem sequer nos ficam assim tão bem , uma conta bancária precária e a mesma tristeza que começou tudo isto. Mas pior ainda, porque ficámos mais pobres.


Para agravar tudo isto, somos bombardeados com produtos baratos, promoções fantásticas, preços bombásticos! Negócios que seriamos parvos se não aproveitássemos!

E na nossa ânsia de poder comprar e comprar sem grande peso na consciência paramos de questionar: porque raio é isto tão barato?

A verdade é que sabemos, sabemos todos muito bem. É um segredo mal guardado: as nossas coisas são fabricadas por trabalhadores pouco ou nada remunerados em condições deploráveis e sem qualquer tipo de segurança. As nossas coisas vêm com um botão de self-destruct: roupa barata que se deforma, desbota ou rasga em menos de um ano de utilização, gadgets que se tornam obsoletos assim que saímos da loja com eles, eletrodomésticos feitos para durar pouco para alem dos 2 anos de garantia, comida com prazos de validade demasiado curtos e nem sempre por uma questão de zelo. Tudo  que compramos é descartável. Compramos e deitamos fora e depois compramos mais, e continuamos a dizer a nós mesmos: "Uau, que barato!". E ao mesmo tempo sofrem as criancinhas escravizadas no Bangladesh nas quais nós optamos por não pensar muito. E sofre o planeta terra, com a quantidade de recursos desperdiçados e lixo acumulado. E sofremos nós, com uma casa cheia de tralha e uma mente atafulhada de emoções e angústias que não conseguimos confortar com compras. 


Alguns truques que sugiro para se tentarem proteger da fúria do marketing

1. Fazer Unsubscribe a todos os emails publicitários, campanhas, promoções e newsletters de lojas e afins que caem constantemente no email. Isto pode ser feito verbalmente com telemarketing - basta indicar que não autorizam contactos futuros, mas não é uma solução sempre eficaz - quem conhece a realidade dos call centers sabe que não é tão simples como apagar um nome da base de dados. Outra opção é a de atender apenas chamadas de números identificados e conhecidos. 

2. Navegar anonimamente na internet. Os nossos computadores guardam todas as nossas pesquisas, e certamente já repararam como depois de verem um artigo na Amazon ou noutra loja online, começam a aparecer publicidades a esse artigo por todo o lado. 

3. Manter um caderno onde tomar nota de todas as despesas diárias. Pode ajudar a identificar onde se anda a gastar dinheiro desnecessariamente.

4. Evitar ir ver montras, dá azo a compras impulsivas. Há tantos sítios giros para passear como parques e jardins e praias. A Natureza não nos tenta vender nada.




Nama-fucking-ste, People! 🙇

~Phee~

Série Minimalismo – Eps.1 – Ser Minimal

Momentos chegam na vida de uma pessoa em que, tal como uma casa, as fundações começam a assentar: desvendamos que todas dúvidas e inquietações da juventude eram, afinal, parvas. Qualquer pressão para ser um certo tipo de pessoa, ouvir um certo tipo de música, vestir de uma certa maneira ou agir de uma certa forma passa a ser apreendida com absoluta indiferença. Esse silêncio mental e quietude permitem analisar de forma muito mais clara: o que é realmente importante para mim?


A resposta a essa questão será sempre diferente de pessoa para pessoa, e em momentos diferentes das nossas vidas, até podemos ver alterações nas nossas respostas individuais. Eu tenho procurado formas de me apaziguar e de conseguir uma vida mais plena e focada. Consigo agora ver todas as coisas que uso como distrações e analgésicos mentais para evitar confrontar as emoções negativas ou preocupações que vão surgindo: redes sociais, jogos no telemóvel, comida, e compras. Todas estas coisas tem vindo a ocupar espaço mental e físico na minha vida, e eu preciso desse espaço de volta.

Foi através destas reflexões e fruto também de alguma pesquisa que comecei a considerar o Minimalismo como um estilo de vida que me parece capaz de ir de encontro às minhas necessidades. Existem várias abordagens diferentes perante o Minimalismo, algumas mais extremas do que outras, como em tudo. 

Para mim, ser minimalista significa olhar para os elementos que me rodeiam (sejam objetos, relacionamentos, etc, etc) e questionar:

Isto é-me útil?

Isto contribui de alguma forma para a minha felicidade?

Isto entra de alguma forma em conflito com os meus princípios morais e/ou éticos?





O que, na prática, se deverá refletir numa vida mais focada e intencional, redução do consumismo e desperdício e numa mente, vida e casa livres de tralha. Isto não irá acontecer de um dia para o outro, e provavelmente nunca serei perfeitamente minimalista. Mas neste caso, como em muitas coisas na vida, o que importa é a viagem e não o destino.

Estas são as formas como pretendo englobar o Minimalismo na minha vida:

- Reduzir distrações virtuais: Jogos de telemóvel, Facebook, Reddit, etc;

- Reduzir o guarda Roupa ao essencial, e tentar passar a comprar roupa de forma intencional, seletiva e sem recorrer a fast-fashion;

- Reduzir o recheio da casa ao essencial e passar a comprar decoração ou mobília de forma Intencional e seletiva;

- Simplificar a minha alimentação, englobando pelo menos um dia por semana de alimentação vegetariana;

- Comprar maquilhagem e cosmética apenas quando necessário (substituir algo que acabou/passou o prazo) e limitar-me a marcas cruelty free

- Dedicar-me mais sériamente ao Yoga e meditação como forma de limpeza da mente;

- Limitar as minha interações sociais às pessoas que, realmente, são importantes para mim e deixar de fazer fretes só porque “fica mal”;

- Procurar um emprego que seja compatível com a minha personalidade, em vez de andar a nadar contra a maré;






Existem muitos recursos online acerca do Minimalismo como estilo de vida. Se de alguma forma o que eu disse vos fez sentido e gostariam de saber mais, aqui ficam alguns dos que me pareceram mais informativos:

Rachel Aust - O Canal de YouTube da Rachel Aust tem uma listra de reprodução chamada Minimalism Series, com 17 vídeos com dicas e ideias. Outros YouTubers com vídeos muito interessantes acerca do assunto são a JennyMustard, a Zoey Arielle e Break the Twitch.


E a TEDTalk com Joshua Fields Millburn and Ryan Nicodemu, os produtores do documentário. 

Farei alguns Posts desta série abordando a forma como apliquei os princípios minimalistas nas várias facetas da minha vida, e partilharei as vitórias e insucessos ao longo do processo.


Nama-fucking-ste, People! 🙇

~Phee~